A colecistectomia, procedimento de remoção cirúrgica da vesícula biliar, é indicada em cães principalmente nos casos de mucocele, colelitíase, colecistite, infecção bacteriana, neoplasia ou ruptura vesicular. Esse procedimento pode ser realizado por duas vias principais, por laparotomia (aberta) ou laparoscopia (minimamente invasiva). Na técnica aberta, realiza-se uma incisão mediana ampla que propicia acesso direto à vesícula biliar e aos ductos biliares, sendo indicada sobretudo em situações de emergência, como colecistite aguda supurativa, colelitíase obstrutiva grave ou ruptura vesicular. Embora eficaz, esse método geralmente resulta em maior dor pós-operatória, risco aumentado de infecção de ferida, tempo de cicatrização prolongado e internação hospitalar de 3 a 5 dias, e, por vezes, necessidade de terapia intensiva. Já a colecistectomia laparoscópica utiliza de dois a quatro portais de acesso de pequeno calibre, por onde são introduzidos a câmera e os instrumentos cirúrgicos. Essa abordagem amplia o campo visual, permite dissecções mais precisas e costuma reduzir o trauma tecidual. Recomenda-se sua realização em casos eletivos, especialmente mucocele biliar e colecistite crônica sem complicações, desde que o animal esteja hemodinamicamente estável. Estudos apontam tempo operatório médio entre 75 e 90 minutos e internação de 24 a 48 horas. A taxa de conversão de procedimentos laparoscópicos para laparotomia varia entre 10% e 30% dos casos, geralmente em função de aderências, inflamação intensa ou dificuldades técnicas na dissecção do triângulo de Calot. Esta revisão sistemática foi realizada com base em estudos publicados entre 2016 e 2025, identificados nas bases PubMed, Scopus, ScienceDirect, Web of Science e Google Scholar, utilizando os descritores em inglês: “cholecystectomy”, “colecistectomia”, “laparotomy”, “open surgery”, “laparoscopy”, “minimally invasive surgery”, “dog” e “canine”. Foram incluídos estudos originais que comparassem as duas técnicas em cães, com dados sobre indicações, complicações, tempo cirúrgico, internação e mortalidade. Excluíram-se estudos sem texto completo ou sem comparação direta entre técnicas. A triagem foi realizada por dois revisores em três etapas: título, resumo e texto completo. Após análise de 76 artigos, 12 foram incluídos na avaliação final. Os principais achados apontam que a via laparoscópica está associada a menor incidência de infecção de sítio cirúrgico, 5% a 8%, e menor tempo de hospitalização, enquanto a laparotomia apresentou complicações em até 12% dos casos e mortalidade perioperatória entre 4% e 6% em procedimentos eletivos. Em comparação direta, a laparoscopia oferece vantagens claras quanto à redução do trauma cirúrgico, do tempo de internação e das complicações relacionadas à ferida operatória, sem comprometer a segurança em pacientes bem selecionados. No entanto, essa técnica exige investimento em equipamentos especializados e treinamento avançado da equipe. A laparotomia, por sua vez, mantém seu papel essencial em situações críticas, como ruptura vesicular, colecistites complicadas ou instabilidade hemodinâmica. Conclui-se que, sempre que indicada e realizada por equipe treinada, a colecistectomia laparoscópica deve ser a primeira escolha em procedimentos agendados, reservando-se a via aberta para emergências e complicações graves. Para consolidar essas recomendações, são necessários estudos prospectivos multicêntricos que padronizem critérios de seleção de pacientes, técnicas cirúrgicas e parâmetros de avaliação de desfechos.